Leia as três primeiras críticas de “A Esperança: Parte 1”

Após a premiere mundial de Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1 acontecer ontem em Londres, foram divulgadas as críticas do terceiro filme da franquia.

A equipe do D13 traduziu o texto de três importantes veículos da imprensa especializada norte-americana: The Hollywood Reporter, Variety e The Wrap. Em resumo, A Esperança: Parte 1 é mal avaliado por ser um filme incompleto, faltando uma “finalização” e tendo um final abrupto.

Leia a tradução:

Katniss é moldada como revolucionária nessa primeira metade da parte final da série “Jogos Vorazes”

Publicada originalmente aqui por Todd McCarthy | The Hollywood Reporter

Como um trailer crescido e inchado demais para um filme que está por vir, Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1, de Francis Lawrence, espalha cerca de 45 minutos de material dramático em duas horas de entretenimento demais. A última parte da trilogia de sucesso de Suzanne Collins não foi naturalmente projetada para ser dividida em dois segmentos. Entretanto, depois que os produtores das séries Harry Potter e Crepúsculo dobraram seu prazer financeiro dividindo o clímax dessas séries em dois filmes distintos, como a Lionsgate resistiria a fazer o mesmo com sua própria mina de ouro, já que as duas crônicas anteriores de Katniss arrecadaram juntas mais de 1,5 bilhão de dólares em todo o mundo?

Não é tão desagradável se reunir com os personagens de recursos, persistentes e atraentes dessa série, especialmente agora que os Jogos Vorazes em si viraram história e um espírito revolucionário tomou conta das massas oprimidas de Panem. Essa primeira metade da versão para as telonas do frequentemente menosprezado livro A Esperança é essencialmente devotada aos esforços dos líderes rebeldes para transformar Katniss em seu apoio padrão e fazer dela o ponto de foco de sua propaganda. Até certo ponto, esse processo é atrativo e de certa forma divertido, mesmo se uma pequena montagem dialética fosse uma boa ideia pelo caminho, só por diversão.

Infelizmente, A Esperança – Parte 1 tem toda a personalidade de um filme industrial. Não há uma gota de insolência, insubordinação ou insurreição correndo em suas veias; parece completamente um produto manufaturado, o que é irônico e triste dado o seu tema revolucionário.

Diferentemente de seus predecessores ao ar livre, essa parte da franquia é em grande parte confinada ao quartel – o secreto quartel general em estilo bunker do Distrito 13, um viveiro de revolta liderado por sua presidente Alma Coin (Julianne Moore). Aliada ao Idealizador dos Jogos vira-casaca da Capital Plutarch (Philip Seymour Hoffman, a quem o filme é dedicado) e ao gênio da alta tecnologia e hacker em cadeira de rodas Beetee (Jeffrey Wright), a presidente pretende estimular os cidadãos sobreviventes de todos os distritos a derrubar o sempre desonesto Presidente Snow (Donald Sutherland) de uma vez por todas.

Essa situação é nova para Katniss (Jennifer Lawrence, aos 23 anos durante as filmagens), que acorda do trauma que a vimos sofrer ano passado para encarar não apenas o confinamento subterrâneo, mas também a aparente traição de Peeta (Josh Hutcherson). Em uma série de entrevistas transmitidas com o manipulador emocional Caesar (Stanley Tucci), o improvável jovem sobrevivente aparece drogado, vítima de lavagem cerebral ou ambos enquanto alerta sobre a guerra civil e pede aos rebeldes que concordem com um cessar-fogo.

Aliviada por seu amigo ainda estar vivo, mas decepcionada com sias palavras, Katniss é levada para ver as ruínas de seu nativo Distrito 12 com a esperança de iniciar seu fervor revolucionário. Ao seu lado outra vez estão o sempre ardente Gale (Liam Hemsworth); Haymitch (Woody Harrelson), agora sóbrio e com pouco a fazer; e Effie Trinket (Elizabeth Banks), cuja necessidade insaciável de alto estilo e glamour é divertidamente minada pela militarizada falta de estilo do Distrito 13. Com mais oportunidade aqui do que nos filmes anteriores, Banks força o papel entusiasmadamente a um território quase de Oscar Wilde.

Está nas mãos de todos esses personagens moldar Katniss como “a face da revolução”, e os momentos mais divertidos do filme mostram seus esforços para apalpar, cutucar e provocar a guerreira com recursos a se tornar uma mistura de Joana d’Arc e Marianne, símbolo francês da liberté. Não é algo natural, já que as tentativas iniciais de Katniss de chamadas inspiradoras para derrubar as barricadas não seriam aprovadas em uma peça de escola. Mas os momentos de incentivo chegam eventualmente, assim como algumas conversas televisionadas irritadas entre Katniss e Snow; o último pode até estar sob ataque, mas sempre parece ter mais cartas a jogar.

O desafio central encarado pelos roteiristas novatos na série, Peter Craig e Danny Strong, foi trazer a história à beira do confronto inevitável entre os opressores e os oprimidos. De um ponto de vista dramático, isso idealmente ocuparia o terço inicial ou a primeira metade de, digamos, um filme de 140 minutos, que então continuaria a acelerar rumo à ação catártica e à resolução. Entretanto, como as coisas terminam, o público fica à beira do abismo por mais um ano – até novembro de 2015, para ser preciso – quando a Parte 2 de A Esperança será lançada.

Para ser exato, o grande público aparecerá esse ano e também no próximo. Mas muito mais do que com Harry Potter e quase da mesma maneira que Crepúsculo, essa manobra de dobrar o lucro parece um plano para jogar com o público.

Tradução por Cecília Bonfim

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A Esperança – Parte 1: a revolução será televisionada

Política prova ser tão mortal quanto os Jogos Vorazes quando os rebeldes do Distrito 13 desafiam os exploradores impiedosos da Capital

Publicado originalmente aqui por Alonso Duralde | The Wrap

Se os dois últimos filmes de “Jogos Vorazes” eram sobre reality show e outras distrações “pão-e-circo” usadas pelo governo para manter a população na linha, “A Esperança – Parte 1” torna mais explícito o poder da propaganda, enquanto a ação sai das arenas de matança dos Jogos e vai para as ondas de uma revolução em seu ápice.

Trazer Danny Strong para a equipe (ele trabalhou  na adaptação de Suzanne Collins com Peter Craig, de “The Town”) foi uma jogada esperta; forte, apesar de tudo, demonstrou um dom em pegar grandes ideias sobre política e contexto histórico e dividi-las em partes mastigáveis, primeiro nos filmes da HBO “Recount” e “Game Change”, e depois para o cinema com “The Butler”, filme com Lee Daniels.

“A Esperança – Parte 1” ainda é um filme da série “Jogos Vorazes”, sim, mas se preocupa em levar em consideração comédias políticas como “Wag the Dog” e “Tanner ‘88”.

Fãs mais “amenos” da franquia podem querer reassistir “Em Chamas”, ou pelo menos entrar na página da wiki do filme, antes de ir assistir ao filme, que vai direto ao ponto e não se preocupa em fazer uma prévia de como Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) foi resgatada dos jogos por Plutarch (Philip Seymour Hoffman, sendo que o filme é dedicado a ele), mas mostra que ela está contrariada sobre os outros tributos que foram deixados para trás, particularmente Peeta (Josh Hutcherson)

É na ausência dele que Katniss percebe que o “show-mance” feito por eles para ficarem vivos nos Jogos pode ter se tornado uma coisa real; nem a presença de Gale (Liam Hemsworth), seu amigo de infância, pôde impedir ela de se atormentar pela segurança de Peeta.

Katniss e sua família estão agora no subsolo, no bunker que é o Distrito 13, onde uma armada rebelde liderada por Boggs (Mahershala Ali, de “House of Cards”) tem se escondido e aguardado o momento para unir os distritos contra o maligno Presidente Snow (Donald Sutherland) e toda a Capital, que explora os recursos dos distritos. A líder rebelde Alma Coin (Julianne Moore, que incorporou a faixa branca do cabelo de Susan Sontag) acha que Katniss e o símbolo do tordo são a única esperança de manter o espírito da rebelião vivo.

As primeiras tentativas de gravar propagandas em estúdio com Katniss acabam em desastre, mas Haymitch (Woody Harrelson) agora sóbrio, sugere que ela saia do estúdio e vá para o mundo onde ela pode ser espontânea. A interação dela com as pessoas resulta em momentos poderosos, capturados pela câmera da diretora Cressida (Natalie Dormer, de “Game of Thrones”), mas o Presidente Snow tem seu próprio porta-voz — Peeta, que insiste para que os rebeldes desistam.

Se você leu os livros, sabe o que está por vir, e se você não leu, não existe nenhum spoiler do que está por vir. Basta dizer que enquanto “A Esperança – Parte 1” pode não ser tão consistente emocionalmente como “Em Chamas” — o segundo filme sempre terá o luxo de ser “um sanduíche de manteiga de amendoim e geleia sem casca” (expressão bastante usada nos Estados Unidos para descrever algo perfeito) — mas é um filme equivalente a um livro que você não consegue parar de ler, com suspense constante e cheio de surpresas e momentos onde os personagens conseguem brilhar.

A série nos deixou conhecer essas pessoas bem o bastante que agora é interessante assistir os detalhes que ficam aparentes, como Effie (Elizabeth Banks) consegue improvisar seus visuais de alta costura com os uniformes cinza do Distrito 13. É o tipo de moda experiente que drag queens presas e fãs de Little Edie Beale (modelo norte-americana) iriam admirar.

O diretor Francis Lawrence encontra momentos visuais interessantes, mesmo no bunker subterrâneo. Em um momento, Katniss olha para baixo e vê várias fileiras de rebeldes descendo uma escadaria triangular metálica até perder de vista, parecendo algo que saiu de “Metropolis.” É uma citação bastante ousada em um filme que também é sobre uma revolução do proletariado, mas mesmo que “A Esperança” não esteja no mesmo nível que esse clássico silencioso, não é uma referência inteiramente imprópria.

O título deixa claro que ainda estamos a um filme do grand finale, mas mesmo que “A Esperança – Parte 1” deixe-nos esperando por mais, não é um filme de duas horas que apenas vai se preparar para a sequência. Pense nele como um aperitivo para um final que satisfaz por si só.

Tradução por Vito Magarão

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O final em duas partes da série começa de maneira sólida e atraente, mas não exatamente inspirada

Publicado originalmente aqui por Justin Chang | Variety

Katniss Everdeen se torna a face de uma revolução em “A Esperança – Parte 1”, um difícil episódio transicional da franquia “Jogos Vorazes” que abandona o esporte sangrento do reality show dos dois primeiros filmes para conjurar uma visão severa e cada vez mais sombria de uma guerra total. Flagrantemente ressonante, às vezes bem empolgante e de certa forma não satisfazendo propositalmente, essa penúltima parte da série é um conto de revolta da massa e manipulação da mídia que por conta própria não demonstra nenhum sinal de onda rebelde ou espírito subversivo: os livros de Suzanne Collins podem ter alertado contra os perigos de dar às massas exatamente o que elas querem ver, mas a esse ponto, as forças por trás dessa imensa propriedade comercial não querem arriscar em fazer nada diferente disso. É uma estratégia sensível, mesmo que não exatamente inspirada, e com Jennifer Lawrence mais uma vez carregando o processo e o diretor Francis Lawrence (sem parentesco) replicando obedientemente os elementos de uma história inerentemente cinemática, os planos da Lionsgate para a dominação mundial das bilheterias parecem seguros.

Para os milhões que devoraram a trilogia de sucesso de Collins e estão esperando esse filme com um fervor obsessivo igual ao dos fãs mais extremos de “Harry Potter” e “Crepúsculo” (que também tiveram que ver suas amadas franquias terminarem em uma enlouquecedora nota de duas partes), a única fonte real de suspense aqui é a questão crucial de onde exatamente a história de Collins foi dividida em duas. Fiquem sabendo que a decisão foi feita com uma sabedoria quase salomônica, deixando acontecimentos o suficiente para sustentar esse relativo corte de duas horas até seu quase ponto de suspense no final, enquanto deixa várias grandes reviravoltas para acontecer na “Parte 2” (prevista para 25 de novembro de 2015), junto com um final presumidamente épico. O público que for a esse filme sem conhecimento prévio do material, entretanto, pode sentir sua paciência espremida e seu apetite de ação meio negligenciado; dando sequência ao espetáculo colorido de batalha de seus predecessores, “A Esperança” revela uma mudança mais obscura no humor, na ênfase e na paleta de cores, decididamente saindo da arena e literalmente se escondendo no subterrâneo.

Depois de atirar a fatídica flecha que levou a edição do Massacre Quaternário dos Jogos Vorazes a um final tumultuado em “Em Chamas”, Katniss (Lawrence) foi resgatada e levada ao ultrassecreto Distrito 13, um bunker grande e subterrâneo de paredes cinza que abriga um movimento crescente voltado a unir os outros distritos de Panem e derrubar a Capital e seu totalitário Presidente Snow (Donald Sutherland, maravilhosamente ameaçador como sempre). A líder do levante é a ousada e formidável Presidente Coin (Julianne Moore, que parece ter pego dicas de penteado com Meryl Streep em “O Doador de Memórias”), que força Katniss a oficialmente aceitar seu papel como o Tordo, o símbolo feroz e com penas da rebelião. Como planejado pelo associado de Coin especialista em mídia Plutarch Heavensbee (Philip Seymour Hoffman, em sua penúltima aparição na telona), Katniss será mandada para a zona de guerra para estrelar uma série de vídeos de propaganda, ou “propos”, desenvolvidos para serem virais (ou seu equivalente mais próximo em Panem) e atiçar ainda mais as chamas da revolução pela nação.

Como sempre, as complicações surgem dos sentimentos românticos indeterminados de nossa heroína pelo nobre e altruísta Peeta (Josh Hutcherson), seu parceiro em dois Jogos e interesse romântico público. Agora mantido na Capital, Peeta é regularmente exposto na TV ao vivo para ser entrevistado pelo exagerado Caesar Flickerman (Stanley Tucci, parecendo ainda mais o gêmeo malvado de Regis Philbin), onde, coagido, alerta Katniss para conter o levante; claramente Snow e seu regime estão tentando derrubar o Tordo exibindo seu próprio mascote relutante em frente às câmeras. Para o compreensível desgosto de seu parceiro de longa data, Gale (Liam Hemsworth), que bravamente se juntou à guerra contra a Capital, Katniss parece mais investida na segurança de Peeta do que em todo o resto, incluindo o sucesso de sua causa.

Como o livro, o roteiro (escrito pelos novatos na franquia Peter Craig e Danny Strong) habilmente une elementos de thriller político, filme de combate e sátira da mídia de massas, tecendo uma densa rede de alianças instáveis, conspirações secretas, jogadas de poder voltadas para o público e as sempre complicadas confusões de amor e guerra. Ajuda que alguns artifícios para contar histórias de Collins, particularmente sua inquisição crítica das tentações da fama repentina e o uso e abuso da propaganda televisiva, pareçam naturalmente adequados para a tela – um fato que o diretor Lawrence e seu diretor de fotografia de “Em Chamas”, Jo Willems, exploraram bastante. Uma sequência inicial mostra Katniss tropeçando entre os restos de sua vila no Distrito 12, que as forças de Snow reduziram a escombros após sua fuga da arena; é uma imagem de bombardeio e horror cheio de caveiras digna de “Apoteose da Guerra” de Vereschagin e outras visões do inferno na terra.

Felizmente, também há momentos bem vindos, apesar de curtos, de frivolidade a maioria uma cortesia do temporariamente sóbrio mentor de Katniss, Haymitch (Woody Harrelson), e sua acompanhante antes com penteados coloridos, agora vestida de maneira simples, Effie Trinket (Elizabeth Banks), cujo papel expandido aqui representa o desvio mais significativo do filme em relação ao livro. Suas tentativas de transformar a inicialmente dura e tímida em frente às câmeras Katniss em a garota do pôster da rebelião produzem uma diversão sutil, até que Haymitch percebe que esse Tordo não pode ser treinado para se apresentar com deixas: É só depois que ela vê os aviões da Capital bombardeando um hospital lotado no Distrito 8 que a culpa e devastação de Katniss a levam a um momento de fúria genuína e articulada. “Se nós queimarmos, vocês queimam conosco,” ela diz a seus inimigos em termos bem exatos, cunhando o que se torna um mantra da revolução, dramatizado em sequências efetivas, inspiradoras e completas para a revolta dos outros distritos e causando danos inesperados à Capital.

Esses breves flashes de ação – incluindo uma ousada e tecnológica missão para resgatar Peeta e outros tributos sobreviventes do Massacre Quaternário da Capital – trazem alguns frissons de suspense a um conto que além disso funciona em um registro lento e claustrofóbico, mantido pela palidez constante das imagens calculadamente pouco iluminadas de Willems e dos sets de aparência puramente funcional para o Distrito 13 do designer de produção Philip Messina. Sumiram as cores e a moda excêntricas dos dois primeiros filmes; a dupla Kurt e Bart lidou com tarefas de figurinos mais restritos dessa vez, sua principal contribuição sendo a lustrosa roupa preta de combate que Katniss usa em suas aparições como o Tordo. Até os costumeiros temas do compositor James Newton Howard ficam de lado em uma canção infantil sombria cantada por Katniss no meio do filme; não demora até que seus aliados comecem a cantarolar a mesma música enquanto marcham contra o império de Snow.

Resumindo, todos os talentos envolvidos parecem ter dirigido seus significantes recursos em serviço de um retrato mais desolado e sério do conflito geopolítico, repleto de tópicos paralelos (ataques com mísseis de longo alcance, refugiados civis sendo deliberadamente escolhidos como alvos) que são mais familiares do que os produtores possam ter intencionado – não mais do que quando Snow ordena transmissões ao vivo de execuções públicas em cada distrito, as cabeças dos condenados cobertas por capuzes pretos. Mas enquanto o comandante Lawrence mantém um controle de absorção constante do ritmo, do tom e dos riscos dramáticos da história que só aumentam, o lado negativo de sua fidelidade ao livro de Collins (a autora até recebe um crédito de “adaptação por” dessa vez) é que o filme nunca se livra da sensação de segurança, de literalidade, ou da infeliz tendência de dizer o óbvio. (Quando Peeta manda a Katniss um aviso inconfundível, alguém comenta, “Isso foi um aviso.”) Com toda a sua óbvia inteligência e ideias moderadamente provocativas, “A Esperança” não parece confiar em seu público tanto quanto confia claramente em sua heroína.

Se Katniss está intermitentemente confortável com ser uma celebridade, Jennifer Lawrence está mais natural do que nunca. Apesar de ter menos o que fazer na parte de ação (ela atira apenas uma flecha, e é extraordinária), sua Katniss se mantém como a peça humana mais atrativa desse cenário distópico, mesmo quando o peso psicológico de seu sofrimento leva a performance para um registro mais gritado e emocionalmente desesperado do que antes. Parte disso não é apenas por causa dos sentimentos de Katniss por Peeta, mas também por sua preocupação com sua amada, porém com vontade fraca, mãe (Paula Malcomson) e especialmente sua irmã mais nova, Prim (Willow Shields, mais proeminente aqui do que nos filmes anteriores), dando base emocional para eventos que ainda estão por vir. Jena Malone tem uma aparição relâmpago como a feroz lutadora Johanna Mason, enquanto Sam Claflin, magnificamente apresentado em “Em Chamas” como o bonito aliado de arena de Katniss, Finnick Odair, usa seu malicioso carisma aqui para revelar o lado ferido e vulnerável do personagem, mesmo que a sequência que ilustra suas revelações mais chocantes seja confusa com cortes excessivos (uma tela dividida talvez funcionasse melhor aqui). Hutcherson e Hemsworth continuam bem como sempre; a atriz britânica Natalie Dormer representa uma adição forte como a astuta diretora dos propos de Katniss, Cressida; e os robustos mais velhos no elenco – incluindo Hoffman, Harrelson, Banks, Tucci, Sutherland e Jeffrey Wright (como o gênio da tecnologia Beetee Latier) – mais uma vez trazem uma quantidade crucial de autoridade adulta aos acontecimentos jovem-adultos. Sobre isso, não é surpreendente que a Coin de Moore surja como a jogadora mais valiosa do grupo, sua inteligência de aço e liderança lógica a marcam como mais uma manifestação da renovadora política de gêneros da franquia, mesmo com o filme furtivamente nos encorajando a não julgar a ela nem seus subordinados pela aparente honradez de sua causa. Que o poder não pode deixar de corromper está entre os temas mais potentes de Collins (sugerido aqui em cenas de um comício no Distrito 13 que inadvertidamente lembram “Triunfo da Vontade”), mas é um tema que provavelmente será explorado mais profundamente – e idealmente, com uma mão mais livre – quando “A Esperança – Parte 2” for lançado nessa época do ano que vem.

Tradução por Cecília Bonfim

Conforme outras críticas do filme forem saindo, iremos publicar no site.

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6 respostas para “Leia as três primeiras críticas de “A Esperança: Parte 1””

  1. Avatar de Luke
    Luke

    Meu Deus kra… parece que eles falaram “o filme foi uma merda”…

  2. Avatar de Felipe
    Felipe

    Não que tenha sido uma merda, mas cansativo, já que os climax estão mais para o final, que será exibido só na parte 2. Eu particularmente não gosto dessa mania econômica de dividir o último filme em duas partes, o livro não é grande e não tem entretenimento suficiente para dois filmes.

  3. Avatar de Stefane
    Stefane

    O filme em chamas não foi tão bom assim mas oque vejo o 3 a esperança vai ser mt foda

  4. Avatar de Giovane
    Giovane

    Lendo essas críticas imagino que o maior erro não está em A Esperança, e sim na cena final de tirar o folego lá no tão aclamado Em Chamas. Pra quem saiu do cinema, no ano passado, surtando com aquele olhar feroz e determinado da Katniss, entrar no cinema esse ano e se dar conta de que ela não tá tããããão feroz e determinada assim vai ser meio decepcionante.
    Pra mim, esse final de Em Chamas foi um pecado bem chatinho (apesar de quase imperceptível). Depois de um filme inteiro seguindo quase que tudo à risca como estava nos livros, errar a expressão final e determinante (que era pra estar mais confusa do que decidida) da protagonista acarretou no que vamos enfrentar agora com o público que não leu os livros. É o que eu acho.

  5. Avatar de Ronan
    Ronan

    Lendo Algumas críticas percebe que estão gostando do filme, mesmo ele não tendo o clímax Finale .. por exemplo ele esta com aprovação de 86% no Rotten Tomatoes.que e muito boa.
    Esperando ansioso para Estréia!