Para o “reportagens especiais” deste mês, o D13 escolheu a matéria que saiu no mês passado no site The Atlantic Wire e que fala sobre o aniversário de 50 anos do lançamento do livro Uma Dobra no Tempo, da autora americana Madeleine L’Engle. E quais as ligações entre esta obra e Jogos Vorazes? Como é possível observar no texto a seguir, uma delas é o fato de possuírem histórias semelhantes, como o fato de que em ambas é possível encontrar protagonistas (Katniss e Meg) que, a princípio, nem mesmo seriam consideradas heroínas. Outra ligação é o livro de Madeleine L’Engle ter sido um dos favoritos de Suzanne Collins quando ela era criança. Além disso, como se pode observar, Uma Dobra no Tempo, acabou, de certa forma, tornando possível que obras de ficção científica acabassem chegando às garotas, e posteriormente, livros como o de Collins fossem publicados.
Para conferir a matéria original, basta clicar aqui. Já a tradução segue abaixo.
‘Uma Dobra no Tempo’ Completa 50 anos: Meg Murry Faz Uma Possível Katniss Everdeen
Por Jen Doll. Publicado em 7 de fevereiro de 2012
Este ano marca o 50º aniversário do clássico para jovens-adultos Uma Dobra no Tempo, famoso livro de Madeleine L’Engle que trouxe a ficção científica para as garotas (e garotos também!) e apresenta Meg Murry, a impressionante garota personagem. Ela é uma precursora para outra personagem do livro de ficção que está inspirando as meninas (os meninos também, para não mencionar um bom número de adultos), Katniss Everdeen de Jogos Vorazes, que, apropriadamente, é uma espécie de meme, bem como o tema de incontáveis blogs de fãs. Mas não poderíamos ter 2012 da era Katniss, com todos os sinos e assobios digitais, sem Meg iluminando o caminho em 1962. Suzanne Collins, autora de Jogos Vorazes, mencionou de fato Uma Dobra no Tempo como um dos livros que ela amava quando criança.
“Meg é uma precursora de heroínas como Katniss de Jogos Vorazes,” R.L. Stine, criador de Goosebumps e titã de literatura jovem-adulta disse ao The Atlantic Wire. Ele reconheceu que as crianças de hoje podem preferir a fantasia mais “realista” apresentada pelo livro de Suzanne Collins. Ele também tinha uma reclamação com a personagem Murry: “Eu também tinha um grande problema com Meg,” disse ele. “Ela chora muito. Se o livro fosse escrito hoje, acho que suas explosões em lágrimas seriam eliminadas.”
Para quem esqueceu, aqui está o breve resumo de enredo da Booklist de Uma Dobra no Tempo: “Duas crianças, acompanhadas por um garoto mais velho, vão em busca de seu pai-cientista perdido – uma busca perigosa que os leva através do espaço por meio de um ‘tesseract,’ ou uma dobra no tempo, para o escuro planeta Camazotz, cujos habitantes fantoches são controlados por IT, um cérebro sem corpo.” Meg, é claro, é uma destas crianças. Spoiler: Ela destrói o cérebro.
Em 50 anos, muita coisa mudou na escrita jovem-adulto – partes de Uma Dobra no Tempo parecem positivamente estranhas, e há um tema religioso que percorre todo o livro, em contraste com a TV de realidade – informando a descrição “além da religião” de uma sociedade futurista distópica em Jogos Vorazes. Mas os traços de personagens femininas inspiradoras permaneceram os mesmos.
Como um blogueiro aponta no E-Femmera, “Como sua descendente espiritual Katniss Everdeen, Meg Murry se enquadra na categoria de ‘herói improvável’: ela inicialmente não tem interesse em combater o mal ou se posicionar, e é arrastada à contragosto para a aventura por Charles Wallace e os Mmes [Whatsit, Who and Which]. Se Katniss tivesse seu poder de decisão, os Jogos Vorazes não teriam sequer existido, e tanto ela como Meg são levadas em ação dramática por causa de seu profundo amor por um irmão mais novo. Katniss se voluntaria como tributo de modo que sua irmã mais nova, Prim, não tenha que lutar, e certamente morrer; Meg derrota o horrível cérebro onipotente que faz de todos o mesmo (leia-se: o comunismo) com o seu amor por seu irmão mais novo, Charles Wallace, a quem só ela pode salvar. (Ambos os irmãos das garotas também são impressionantemente sábios apesar de sua juventude.) Em outra parte nas relações familiares, ambas, Katniss e Meg, amam seus pais ausentes profundamente, mesmo incorporando-os em alguns aspectos, e são investidos em “proteger” suas mães. Ambas também encaram o fato de que um pai falta ao longo dos livros.
Em termos de romance, e, hey, tem que haver um pouco, Katniss e Meg são adoradas pelos garotos apesar de sua suposta “naturalidade”. No lado Katniss, temos seu triângulo amoroso pronto para as telas com Gale e Peeta (Team Peeta!). Meg, por outro lado, é elogiada por seus “olhos atraentes” por Calvin O’Keefe, um garoto mais velho e mais popular, que vai para escola dela, e que também viaja com seu “tesseracting” através do universo. Mais tarde, na série Time Quintet de Madeleine L’Engle, Meg e Calvin se casam. Nós não vamos dizer o que acontece com Katniss.
Ainda assim, ao contrário da mais passiva garota personagem (veja Bella Swan de Crepúsculo), o amor romântico não é a história principal aqui – é apenas uma barra lateral. Além disso, as garotas fazem escolhas para si mesmas, ao invés de ter algo escolhido para elas. Onde elas não têm uma escolha, como com a realidade de Jogos Vorazes em si, ou as “forças obscuras” no trabalho em Uma Dobra no Tempo, elas escolhem fazer as coisas à sua maneira. Há algo profundamente, e desconfortavelmente, em jogo para ambas. Como, vida e a morte em jogo.
Quanto ao desenvolvimento do puro personagem, ambos são boas em “coisas de garoto”: Katniss pode caçar e atirar uma flecha e, oh sim, está em uma competição em que ela deve matar seus concorrentes; Meg pode fazer raízes quadradas em sua cabeça. Matemática, a mensagem é clara, não é difícil para incríveis personagens femininas! Ambas, você poderia dizer, tem problemas com autoridade. Ambas se ferem, mas ambas são inflexivelmente sobreviventes. (Meg é um pouco mais molenga do que Katniss, mas quem não seria?) Além disso, suas falhas – teimosia, impaciência e temperamento ardente – na verdade, a ajudam em longo prazo. Ambas combinam elementos ordinários e extraordinários, tornando-as aspirações acessíveis a jovens garotas e, francamente, mulheres adultas. E … não menos importante, nós queremos ser elas.
Comemorando este marco de Uma Dobra no Tempo, Farrar, Straus e Giroux, publicaram uma edição especial comemorativa do livro que amavam quando criança. Além disso, para os fãs de Nova York, autores de Jovem-Adulto como Stine, Rebecca Stead, Katherine Paterson e Lois Lowry vão falar sobre o livro no Symphony Space neste sábado, 11 de fevereiro.
Para quem ficou curioso, o livro Uma dobra no Tempo está disponível no Brasil pela editora Rocco e custa R$37,00.
Comentários
Uma resposta para “[Reportagens] ‘Uma Dobra no Tempo’ Completa 50 anos: Meg Murry Faz Uma Possível Katniss Everdeen”
Fiquei curioso pra ler o livro agora!