[Reportagens] Jogos Vorazes na EW

Informamos ontem aqui no D13 que a revista Entertainment Weekly estampou Jogos Vorazes em sua mais recente capa, que você pode ver na foto ao lado. Contudo, na madrugada de hoje, scans da versão para iPad da revista saíram, o que, como sempre, significa que o D13 traduziu toda a reportagem!

Além disso, o site da EW liberou três stills do filme, que estão na reportagem da revista, e ensaios fotográficos com Katniss, Peeta, Gale, Effie, Cinna e Haymitch.

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4 coisas que você não vai ver

“Suzanne foi a primeira a dizer, ‘Ok, vocês precisam ser econômicos no tempo que temos,’” diz a produtora Nina Jacobson. Aqui está o que ficou de lado na jornada de Jogos Vorazes para a tela.

Madge: No livro, é a filha do prefeito do Distrito 12 que manda Katniss para os Jogos com o broche do Tordo. No filme, a icônica jóia é um presente da irmã de Katniss, Prim. “Você tem muito pouco tempo para estabelecer esses personagens,” diz Jacobson. “Então se Madge precisa ser jogada fora para garantir que o público que não leu os livros entenda a devoção entre Katniss e Prim, é isso que você faz.”

Mais do que uma olhada rápida nos Avoxes…: Não espere ver nenhuma cena longa entre Katniss e a Avox que a serve na Capital. “Temos Avoxes, mas não nos aprofundamos no filme,” diz o diretor Gary Ross. “Eu acho que é uma forma maravilhosa de povoar o mundo, mas há certos cortes que precisam acontecer.”

…ou na equipe de preparação: Conhecemos os estilistas de Katniss, Octavia, Flavius e Venia nesse filme, mas teremos que esperar para realmente conhecê-los. “Concordamos que o principal é estabelecer Cinna,” diz Jacobson. “Então tivemos meio que emprestar de um para pagar o outro.”

Equipamentos da Capital: Aqueles elementos futurísticos legais do mundo da Capital de Collins, como a habilidade de apertar um botão e fazer comida aparecer? Não estão no filme. “Não queríamos que a Capital parecesse muito adorável,” diz Jacobson. “Ela tem que ser agourenta e ameaçadora. A Capital tem que ser uma experiência impressionante, mas não pode ser um Mundo dos Quem.”

Dentro da trilha sonora

Quatro top criadores de sucessos falam sobre criar a música inspirada por Jogos.

Songs From District 12: Nem todas as músicas estarão no filme, mas todas estarão na trilha sonora de companhia (lançada em 20 de março). E enquanto T-Bone Burnett não teve problema em listar uma coleção impressionante de artista, incluindo Taylor Swift, Maroon 5, Miranda Lambert, e The Decemberists, o verdadeiro truque foi fazer soar coesivo. “Um dos objetivos de T-Bone era fazer música do Apalache de 300 anos à frente – como os estilos Americana e Bluegrass seriam no futuro,” diz Swift. “O que é ótimo é que há várias representações diferentes.” E para garantir que a estética abrangente do álbum, ela diz, “Gravamos em microfones antigos. Eles tem uns 50 anos. Então deu uma sensação muito confortável, zumbida e assustadora de regressão. Foi perfeito.”

Reportagem principal:

“Está pronto?” pergunta o diretor Gary Ross, sua mão no interruptor do seu escritório de exibição em Hollywood.A pergunta fica no ar por um segundo, a resposta imediatamente óbvia e estranhamente fora de alcance. Você pode ser um fã completamente devotado de JOGOS VORAZES, o primeiro livro na trilogia best-seller de Suzanne Collins sobre um governo futurístico que recruta crianças para um anual jogo mortal televisionado. E você pode ser sortudo o suficiente para estar aconchegado em um sofá meses antes da adaptação tão esperada chegar ao cinema, com três tipos diferentes de doce no colo, mais laranjas cultivadas na própria fazenda de Ross em Santa Barbara. Mas quando o diretor pergunta de novo se você está pronto para assistir uma edição inicial do banho de sangue – a sequência na qual Katniss Everdeen, de 16 anos, interpretada pela atriz indicada ao Oscar Jennifer Lawrence e os outros 23 tributos (como são chamados os escolhidos) são soltos uns contra os outros no começo dos Jogos – parece certo parar e respirar fundo antes de concordar que Ross apague a luz.

Há uma preocupação legítima entre círculos de fãs que um filme de censura PG-13, que Jogos Vorazes sempre disse ser, nunca poderia capturar a brutalidade desumana dos Jogos. “Quando li o livro pela primeira vez,” diz uma das produtoras do filme, Nina Jacobson, “Claro que me perguntei, ‘Como isso pode ser feito? Como poderia ser feito?’” Mas se a filmagem que Ross acabou de compartilhar representa o tom do filme inteiro, com certeza o filme será tão cru e angustiante quanto a experiência de leitura. A cena não é de espirros e poças de sangue, mas se foca nas frenéticas e vulneráveis expressões de crianças em um estado desesperado de luta ou fuga, nada mais comovente do que o agachamento primitivo de Lawrence quando ela se prepara para correr para a proteção da floresta. “Você não precisa ser gratuito para ser honesto e capturar a intensidade do livro,” Ross, que co-escreveu o roteiro, diz depois. “É violento? Sim. Nós nos afastamos do que ele é? Não, não afastamos. Mas não estou interessado na violência pelo bem da violência. Essa é a história de uma personagem, é sobre a jornada de Katniss.”

Mais tarde, Ross nos dá um passeio por sua impressionante ilha de edição, onde uma equipe de artistas de efeitos visuais está ajudando a dar a vida à sua visão de 90 milhões de dólares do mundo distópico de Collins. Em uma sala, uma mulher inocentemente mostra uma cena de Lawrence no palco com um vestido vermelho, sendo girada pelo oleoso apresentador do reality show de Stanley Tucci, Caesar Flickerman. Faíscas começam a saltar de sua saia meio solta enquanto ela se transforma para o público que assiste os Jogos na famosa Garota em Chamas. “Não, está horrível – desligue isso,” solta Ross, o único momento de toda a tarde em que ele parece nervoso. “Os efeitos dessa cena estão me dando trabalho,” ele explica no corredor. “Vamos conseguir. Não está perfeito. E precisa ser perfeito.”

Ele está certo, é claro: precisa mesmo ser perfeito. Quando os fãs gostam do material, particularmente algo tão esperto e agitado e socialmente pontuado como a trilogia de Collins, eles merecem a perfeição. E os envolvidos no filme sabem que se fizerem besteira na adaptação de uma série que mais de 20 milhões de fãs adoram, terão sua própria rebelião. Josh Hutcherson, que interpreta o aliado doce de Katniss, Peeta, diz que ele e Lawrence tem se apoiado muito um no outro nessa última marcha sem fôlego até o lançamento de 23 de março. “Estou constantemente mandando mensagens pra ela, tipo, ‘Oh, cara, lá vamos nós’,” ele diz. “É meio como se estivéssemos nos preparando para nossos próprios Jogos Vorazes.”

Em seu escritório, Ross senta abaixo de um enorme arco de caça, a arma escolhida por Katniss, que seu agente o deu no primeiro dia de produção. Ele ganhou seu lugar na ponta – notadamente derrotando fortes competidores como Sam Mendes e David Slade – por demonstrar quão profundamente ele entendia o que a trilogia de Suzanen Collins significava para seus primeiros e mais ardentes fãs, os adolescentes. Quando ele se encontrou pela primeira vez com os executivos da Lionsgate, ele trouxe storyboards, arcos de personagens, e um vídeo de sete minutos em que entrevistava os amigos de seu casal de gêmeos sobre o efeito que o livro teve na noção do mundo ao redor deles. “Foi um momento divisor de águas no projeto,” diz o presidente de filmes da Lionsgate Joe Drake, “porque nos mostrou o quão bem ele entendia o material e que poderíamos cumprir as promessas que fizemos a Suzanne.”

Todos os anúncios de escolha de elenco que Ross e a Lionsgate faziam eram respondidos com previsíveis rugidos dos fãs. Alguns consideraram Lawrence, agora com 21 anos, muito robusta e muito velha para interpretar uma adolescente esquelética. Hutcherson, de 1,70m, foi considerado muito baixo. E o ator australiano Liam Hemsworth – que conseguiu o papel de Gale, o amigo caçador que implora para Katniss fugir com ele em vez de morrer nos Jogos – pareceu muito marcado por todas as fotos de papparazzi dele com sua namorada, Miley Cyrus.

Mas lodo os fãs se acalmaram com as escolhas, salvos por um elenco de pedigree cada vez maior que se gabava de Elizabeth Banks no papel avoado e abominável de lacaia do governo, Effie Trinket, Donald Sutherland como o perverso inimigo de Katniss, Presidente Snow, Tucci como Flickerman, e Wes Bentley como o covarde Idealizador-Chefe dos Jogos, Seneca Crane. Talvez nenhuma novidade de elenco foi tão surpreendente quanto Lenny Kravitz no papel de Cinna, o legal e compassivo estilista de Katniss. Kravitz estava trabalhando em um álbum, vivendo em um trailer nas Bahamas e alheio ao fenômeno Jogos Vorazes, quando Ross o abordou pela primeira vez. O diretor tinha se comovido com a graça gentil do músico em Preciosa e ficou ainda mais intrigado com o fato que Kravitz já tinha uma ligação próxima com Lawrence, que tinha se tornado amiga de sua filha, Zoe, durante as filmagens de X-Men: Primeira Classe. “Eu amo aquela garota,” diz Kravitz. “No minuto em que a conheci ela se tornou parte da família.”

Levou uma noite sem dormir lendo uma versão baixada de Jogos Vorazes em seu trailer para Kravitz se comprometer. Mas Woody Harrelson, que inicialmente recusou o papel do mentor acabado de Katniss e Peeta, Haymitch, foi mais difícil de convencer. “Escuta, eu sou louco,” ele explica. “Foi só uma coisa estúpida em que eu ainda não tinha lido os livros. Eu não achei que tinha muita coisa para eu fazer no roteiro. Mas aí Gary me ligou depois e disse, ‘Você precisa fazer isso. Eu não tenho uma segunda opção para esse papel.’ E claro que elogios sempre acertam meu lado bom, então eu li os livros e vi a profundidade desse cara. C——, eu teria ficado arrasado se perdesse isso.”

Quando Amandla Stenberg, a atriz de 13 anos que interpreta Rue, a tributo mais nova, chegou em Asheville, Carolina do Norte, em julho passado, ela diz que foi meio como chegar para um acampamento. “Fomos para o hotel, e o cara da recepção disse, ‘Oh, você está no filme? Alguns colegas de elenco já chegaram.’ E foi tipo, ‘Oh, meu Deus, eles estão no hotel, cadê eles?! Aquela garota tem cabelo vermelho. Ela interpreta Cara de Raposa?’”

Os atores ficaram amigos, entrando em uma van todas as manhãs, cantando com todas as forças enquanto faziam o caminho enlameado e esburacado até uma reserva florestal onde Ross filmou os verdadeiros Jogos. “Foi uma filmagem fisicamente difícil,” diz o diretos, cujos próprios filhos de 16 anos se juntaram à equipe, trabalhando nos departamentos de câmera e efeitos visuais. “Filmamos a 25 metros de altura nas árvores. Estava fervendo ou tínhamos chuvas torrenciais a cada poucos dias. O dia que calcei minhas botas de caminhada foi bem feliz.”

Depois de três meses nas montanhas, a produção se mudou para Charlotte e Concord, na Carolina do Norte, para as cenas da Capital, e os tributos receberam a companhia do elenco adulto. “Woody e eu tivemos uma grande primeira reunião,” diz Lawrence. “Eu andei até o ônibus dele para me apresentar, murmurando o caminho inteiro, ‘Oi, sou Jen. Oi, sou Jennifer. Devo falar Jen ou Jennifer? Devo dizer que sou Katniss? Não, ele provavelmente já sabe disso.’ Então eu andei até o ônibus e as primeiras palavras que saíram da minha boca foram, ‘Oi, Woo- isso é uma pose de sexo?!’” Na verdade era uma posição de yoga se pendurando no teto, mas Harrelson diz que ele galantemente disse que talvez pudesse até ser.

Nas noites, o lugar para estar era o quarto de hotel de Kravitz. Ele era o DJ de iTunes para o prazer de Ross, Hutcherson, Banks, Tucci, e Harrelson. “Lenny tinha uns baús de todas essas roupas diferentes para seus shows no palco, ou acho que sejam só pra ele no dia-a-dia,” diz Harrelson. “Nós todos experimentávamos as jaquetas e blusas dele e roupas loucas e tirávamos fotos e riamos. Digo, estou dizendo, esse era um ótimo grupo de pessoas.”

Entretanto, ninguém se ligou mais do que Lawrence e seu diretor. “Quando você está trabalhando o dia todo, todos os dias por quatro meses com uma atriz que está em todos os frames do filme,” diz Ross, “vocês passaram por uma jornada juntos que é quase diferente do resto da experiência.” O fundo de tela de seu telefone é uma foto dos dois no set. Lawrence está secando seu nariz escorrendo na manga da camisa preta do diretor enquanto ele olha com uma expressão de nojo afetuoso. “Não sei como explicar isso, diz Ross, rindo com a imagem, “mas comparando com meus próprios filhos… É um relacionamento muito especial.”

Durante as filmagens, os produtores foram pegos de surpresa quando a Lionsgate revelou uma conversa com acionistas sua empolgação em fazer uma franquia de quatro filmes. Os fãs reclamaram do que parecia ser um movimento mercenário para dividir o sabidamente recheado terceiro livro da trilogia em dois filmes. “É muito cedo para dizer,” diz Jacobson sobre se serão três ou quatro filmes. “Estou profundamente comprometida com Suzanne, e ela me confiou seus livros, e nunca vou fazer algo que quebre essa confiança.”

Em sua essência ardente, Jogos Vorazes é a história épica de uma garota extraordinariamente resiliente, contra os podres de sua sociedade. Os fãs vão ficar aliviados de saber que todos envolvidos no caminho para a tela parecem ter se mantido genuinamente dedicados ao material-fonte. “Uma versão muito brega do filme teria envelhecido os personagens ou colocado glamour na violência,” diz Jacobson. “Ou exagerariam no triângulo amoroso, quando esse livro é muito mais do que ‘Nossa, de que garoto eu gosto?’” (Chupem essa, comparações com Crepúsculo.)

A campanha de marketing da Lionsgate está mostrando o filme como uma história de herói. Nenhum dos trailers, pôsteres ou fotos tentam vender para o público um triângulo amoroso, violência altamente estilizada, ou – ainda uma blasfêmia maior – uma garota atraente que fica bonita com uma camiseta manchada de lama. Katniss, seus olhos preocupados e queixo tenso, se mantém no centro, que é exatamente o seu lugar.

Mas isso significa que o futuro dessa franquia está na performance e na aceitação do público de Lawrence. “Ela está em 110 por cento desse filme,” diz Ross. Ou como diz Banks, “Jen vai carregar esses filmes. Só estou me pendurando.”

Na primavera passada, quando Lawrence estava mergulhada nos treinamentos antes do filmes entrar em produção, ela contou a EW que ficou paralisada de indecisão quando a Lionsgate inicialmente lhe ofereceu o papel. “Houve um momento enorme de empolgação e um momento enorme de medo, porque eu sabia que assim que concordasse, minha vida mudaria,” ela disse. “Um ano adiante daquele momento, minha vida seria completamente diferente. E eu andei um dia todo pensando, ‘Não é tarde demais, ainda posso voltar atrás e fazer indies, não é tarde demais.’”

Quase um ano depois, Lawrence parece bem relaxada, surpresa com sua própria ansiedade para começar a filmar Em Chamas em setembro, com Ross de volta ao comando, com um roteiro de Simon Beaufoy, de Quem Quer Ser um Milionário?. “Assinando para os filmes eu assumi que, ‘Bem, eu provavelmente vou amar o primeiro e aí só vou querer terminar logo o resto,’” ela diz. “Mas assim que eles disseram, ‘É, precisamos começar a treinar em julho,’ eu pensei, ‘Oba! Mal posso esperar para voltar.’”

Por enquanto, ela está determinada a saborear seus últimos resíduos de anonimato. “Estou só curtindo esse tempo que tenho sobrando,” ela diz. “Saio de casa com um visual péssimo. Vou ao Whole Foods parecendo um desastre. Fui para a Times Square na virada do ano.”

É legal imaginá-la em uma multidão dessas, colocada entre as grandes massas, todos celebrando um momento que não tinha nada a ver com ela. “Eu senti que era o último ano que poderia fazer isso,” diz Lawrence. Ela está certa, é claro. Todo herói paga um preço.