Entrevista com Dayo Okeniyi para o Fear Net

Nesta última sexta-feira, Dayo Okeniyi, ator que interpretou Thresh no primeiro filme da franquia Jogos Vorazes, concedeu uma entrevista ao Fear Net, contando como conseguiu o papel para o filme. Dayo ainda fala um pouco do relacionamento com os outros atores no set, as instruções de Gary Ross para compor o personagem Thresh, e, por fim, acaba revelando uma surpresa: uma cena rodada no Distrito 11 que não foi incluída no filme!

Confira abaixo a entrevista na íntegra, traduzida pela equipe do D13.

Então ouvimos dizer que Jogos Vorazes foi sua primeira grande audição e você conseguiu o papel?
Bem, no ano anterior [2011], eu me mudei para LA e definitivamente ganhei alguma experiência em audições porque estava me submetendo antes de ter representação. Fazer testes é uma habilidade e técnica e você precisa aprender a fazê-los. Eu acho que participei de uns 50 bilhões de audições para projetos independentes pequenos e coisas fora do sindicato e todas essas audições me levaram a poder fazer o teste com Debra Zane para Jogos Vorazes. Quando eu assinei com meus agentes atuais, foi a primeira audição real que eu fui para algo verdadeiro.

Você estava hiper preparado para a leitura?
Era muito secreto. Eu não podia contar a ninguém, nem mesmo meus pais, eu li e era apenas uma página. Vou dizer, meu colega de quarto e eu íamos para a mesma faculdade juntos e ele também é ator, então ele foi a única pessoa para quem contei e devemos ter lido aquela página entre 50 e 100 vezes. Eram umas cinco falas, mas eu pratiquei de todas as formas possíveis. Então eu me senti muito confiante indo para a audição. Além disso, meus agentes me mandaram porque eles conhecem Debra Zane  [a diretora de casting] muito bem e eles queriam ver como eu me saía na sala. Mas isso me levou a ganhar o papel e estou muito ciente que não acontece assim para as pessoas. Eu tenho um pouco de culpa de sobrevivente. [risos]

Quando você conheceu Gary Ross e ele te deu alguma nota específica sobre o que ele queria ver em Thresh?
Eu li umas quatro vezes na sala e honestamente foi só, “Ok, ótimo. Vamos retornar.” Não foi como se eu tivesse interpretado como Sean Penn ou coisa assim, mas eu me senti muito bem. Nunca me ligaram de volta, mas toda vez que eu falava com meu agente sobre projetos diferentes, Jogos Vorazes vivia voltando. Finalmente eles disseram que Gary Ross gostou da minha fita. Aí nos disseram que eles queriam que eu fosse fazer um teste de tela na casa de Gary Ross. Eles adiaram e me ligaram dizendo que tinha sido cancelado e que Gary foi em frente e me escolheu. Então eu só li para o papel uma vez. Foi muito surreal.

Os livros são escritos pelo ponto de vista de Katniss, então não temos muita história dos outros Tributos. Gary te deu uma história ou te encorajou a criar uma para você se conectar com seu personagem?
Gary foi surpreendentemente muito liberador com um jovem ator como eu. Ele nos deu espaço para fazermos o que quiséssemos, claro que sendo certo que seguíssemos o cânon, a história. Ele colocou a criação da história nas nossas mãos. Haviam muitos jovens atores ótimos nesse filme, e muitos atores iniciantes, o que foi uma grande maneira de nos ligarmos. Ele confiou em nós e nos permitiu criar o que quiséssemos. Quando ele veio ao estúdio, ele nos cutucou um pouco, mas confiou na gente.

Como você se tornou Thresh?
Eu só queria me sentir como um urso. Katniss o descrever como uma maravilha física. Mas Gary foi muito esperto de não querer que ele parecesse um vilão. Thresh ainda é uma criança. Ele está fingindo ser duro e frio como gelo, mas ele na verdade está surtando por dentro. Como ator, eu gosto de trabalhar de fora pra dentro, para que quando você cuidar do físico, ele informará o que acontece por dentro. Eu realmente queria entrar no corpo do personagem. Eu tinha uns 73kg quando consegui o papel então era só aumentar o peso. Eu queria me sentir como um dos maiores Tributos, então cheguei a uns 83kg na academia. Além disso, treinei com o pessoal do grupo 87Eleven de dublês e eles treinaram todo mundo da indústria. Eles definitivamente me colocaram onde eu precisava estar fisicamente. Quando você se sente mais forte que todo mundo em cena, você se porta diferentemente.

O filme não glamoriza a violência, o que deixa mais horrível de assistir as cenas de morte. Qual foi a ordem de Gary para as cenas de combate?
Na cena entre Thresh e Clove (Isabelle Fuhrman), é uma cena bem rápida. Não é muito coreografada porque Gary queria que parecesse suja. Ele não queria que parecesse um filme japonês onde a luta parece uma dança. Ele queria que parecesse dura e você sente que os personagens naquelas cenas estão reagindo por paixão em vez de serem assassinos calculistas. Estávamos muito ligados às mentes desses personagens e eu acho que se transmitiu bem.

A sequência da Cornucópia que começa oficialmente os Jogos na arena foi uma das sequências mais intensas de todo o filme com as 24 crianças correndo umas para as outras em um banho de sangue. Como foi montada essa sequência?
Nós tentamos nos manter relaxados no estúdio porque não queríamos um monte de crianças depressivas andando por ali. Haviam muitas brincadeiras e piadas entre as tomadas. O legal é que todo o pessoal atuava muito bem e era muito bom em “se ligar” logo antes da tomada. A verdade é que essas crianças eram incríveis e se ligavam imediatamente. Além disso, todos nós também somos fãs dos livros e sabíamos como deveriam ser essas cenas. Tendo essa preparação e lendo os livros há alguns anos era quase memória muscular; seu coração e sua mente sabem o que sentir no momento. Eu adorei a forma como Gary editou. Foi uma cacofonia de violência, mas ao mesmo tempo você está na mente de Katniss vendo tudo pelo canto dos olhos dela. Ela não é uma espectadora.

Nós realmente vemos essa sequência pelo ponto de vista de Katniss, mas qual era a motivação de Thresh e sua direção de como se mover quando o relógio fizesse a contagem regressiva?
A sequência foi montada para que cada personagem tivesse um objetivo. A Cornucópia foi coreografada segundo a segundo. Thresh era um dos Tributos mais rápidos, então ele chegou à Cornucópia antes de qualquer um e seu trabalho era pegar comida e uma arma para poder ir para a floresta e tentar se manter longe de tudo. Mesmo que ele fosse enorme e um personagem dominante, Gary disse que ele era um gigante gentil e seu objetivo era voltar pra casa para sua irmã e não ter nada a ver com os Jogos. É claro, ele é forçado quando Rue é tirada dos Jogos e isso é o que o motiva a buscar um tipo de vingança para seu Distrito. Caso contrário, ele não ia querer fazer parte dos Jogos Vorazes de maneira alguma. Isso também é o que crianças de verdade fariam se não fossem Tributos Carreiristas que tem uma estratégia. No centro de tudo, eu me perguntei o que alguém de 18 anos faria se estivesse naquela situação, e essa foi a minha interpretação do que Thresh pensava.

Gary fez um filme bem completo, mas houve alguma cena que ficou fora do corte final?
Todas as cenas que eu filmei entraram no filme, exceto que nós filmamos uma cena da Colheita do Distrito 11, o que foi muito legal. Nós tivemos um diretor convidado, Steven Soderbergh, que veio supervisionar isso. Foi legal ter uma chance de trabalhar com ele, porque ele é um diretor que eu admiro há anos. Foi uma cena legal porque era tudo no Distrito 11 e nós tínhamos nosso mentor vindo nos sortear. Foi uma cena muito triste. E os extras eram incríveis, os heróis escondidos dos filmes porque eles criam um ambiente para você. Eu olhava nos olhos dessas pessoas que deviam ser nossos melhores amigos, vizinhos, colegas de trabalho e eles davam aquela sensação de perda quando você é escolhido. Espero que se eles fizerem uma edição de 20 anos de Jogos Vorazes isso seja incluído no DVD um dia.

Quando você assistiu o filme final, que cena te pegou em cheio?
Sinceramente, com um personagem como Cato (Alexander Ludwig) é assustadoramente fácil deixá-lo como um arquétipo de cara mau. A cena no fim onde ele diz, “Já estou acabado mesmo,” para humanizar o personagem foi de ouro pra mim. Um vilão não é realmente um vilão até que você veja um pouco de humanidade nele. Você pode olhar para um demônio ou algo que é pura maldade e vê-los cometer atrocidades e não sentir nada porque não é humano. Mas ver um ser humano fazer aquelas coisas nos atinge. Ver Cato humanizado daquele jeito, realmente te faz sentir que se eu crescesse daquele jeito, seria assim? Quando eu vi aquilo, me fez pensar em tudo que Cato fez levando-o àquele momento. Mesmo que ele tenha um propósito deturpado e psicótico, é um propósito e você de alguma forma sente empatia por ele. Aquilo foi cinema incrível pra mim e momentos assim me arrepiam.

Há algumas edições especiais de Blu-rays disponíveis com extras diferentes como a versão da Target com um disco especial inteiro sobre os Tributos. O que você mais espera que os fãs finalmente vejam sobre os bastidores do filme?
Mal posso esperar para que os fãs vejam os extras. Sou um ator em começo de carreira e começar com um projeto assim é um presente de Deus. Há tantos atores jovens que também são fãs de Jogos Vorazes me escrevendo e perguntando como eu o fiz e sobre o processo. Coisas assim são ótimas para que eles vejam que somos só pessoas comuns que sentem como se tivessem ganhado na loteria para fazer essa coisa incrível. Os Diários dos Tributos no DVD da Target realmente os coloca no nosso lugar e os permite sentir o que sentimos enquanto fazíamos o filme. É uma experiência muito sincera e de compartilhamento e é por isso que essa é uma das minhas coisas preferidas para os fãs verem.

O que acharam? A colheita de Thresh e Rue deveria ter sido incluída no filme? Comente abaixo e continue de olho no D13!


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Comentários

2 respostas para “Entrevista com Dayo Okeniyi para o Fear Net”

  1. Avatar de Lohayne
    Lohayne

    Não sei se no filme original encaixaria muito bem, até porque poderia fugir um pouco ao propósito. Mas numa versão estendida e nos bônus, nossa, seria maravilhoso poder ver essa cena. Poder ver a colheita na visão de outro distrito, acompanhar o sofrimento de outro distrito e de outras pessoas completamente iguais e diferentes que só querem sobreviver.

  2. Avatar de lixlix
    lixlix

    agora q eu percebi q na foto ele ta usando o broche do tordo O.o