Donald Sutherland comenta sobre Jogos Vorazes em nova entrevista

Continuando com a divulgação do DVD e do Blu-ray de Jogos Vorazes no Reino Unido, desta vez temos Donald Sutherland, ator que interpretará o Presidente Snow em Em Chamas, concedendo entrevista ao Starburst Magazine. Na entrevista, ele fala um pouco sobre sua adolescência, sobre o diretor Gary Ross, sobre Jogos Vorazes e muito mais. Confira a entrevista abaixo na íntegra, traduzida pela equipe do D13:

Como já interpretou um juíz, um general, um capitão e um padre, mas só tinha feito um presidente em uma animação (Astro Boy, de 2009). Estava ansioso para interpretar um presidente humano?
Não! Eu nem me importava.

Justo.
Eu recebi esse roteiro do diretor Gary Ross. Eu li e imediatamente escrevi uma carta ao meu agente porque eu acabei ficando com minha mente extremamente estimulada, extraordinariamente impressionado.

Então o filme superou suas expectativas?
Ele me conquistou. Quase me faz chorar. Eu simplesmente o amo, é importante para essa sociedade dividida na qual vivemos. E não só para os Estados Unidos, mas para o mundo em geral. Eu realmente espero que Barack Obama seja reeleito.

É quase como se Jogos Vorazes acabasse sendo o reality show final, de verdade.
Oh sim, porque filmes podem fazer diferença. Uma manhã 55 anos atrás, quando eu estava na Universidade de Toronto, eu vi o filme clássico de Fellini de 1954 La Strada e eu sai em êxtase. Eu estava tão apaixonado por ir ao cinema que voltei e comprei outro ingresso para Glória Feita de Sangue, de Stanley Kubrick. Eu sai daquele filme e minha vida tinha literalmente mudado.

Você estava estudando teatro na Universidade?
Eu nunca estudei! Eu nem acho que eles tinham um curso de teatro e se tivessem, eu não teria cursado. Eu fui para LAMDA em Londres, mas tampouco estudei lá. Eu sai o mais rápido que pude, foram uns 9 meses talvez.

Porque você saiu?
Oh, eles eram horríveis, eles eram maus. Eles me odiavam e eu fui ingênuo o suficiente para não odiá-los por 9 meses. Mas eu odeio agora. Eles eram destrutivos. A então diretora disse “sua voz é muito grave para o teatro inglês”. Ela tentou aumentar uma oitava e eu a acompanhei, estupidamente. Não pude nem ao menos falar por dois meses. Então ela disse que eu deveria dirigir caminhões e eu disse “ bom se eu dirigir, não caminhe na rua”. Então eu saí e consegui um emprego no teatro de repertório.

Você não trabalhou em um rádio quando adolescente?
Sim, em minha pequena cidade de 5000 habitantes, por acidente, não porque eu quis. Eu fui me desculpar por algo e o rapaz disse: “olha, nós precisamos de um locutor e eu gostei da sua voz. Você pode fazer?” Eu fiquei feliz por fazer. Eu tinha 14 anos e aquele foi o início da carreira da minha voz.

Como seus pais reagiram quando você disse que queria ser ator?
Bom, ele não disse “essa é a coisa mais estúpida do mundo”. Ele só disse “ok, mas você deveria conseguir um diploma de engenharia”. A Universidade na verdade tinha um teatro, mas eu era muito tímido para fazer a audição, então eu fiz uma aposta com alguém que eu não conseguiria o papel. Eu tentei e consegui o papel – era uma peça chamada The Male Animal, de James Thurber – e na noite de estreia, a plateia riu durante toda minha primeira cena e na seguinte. Então quando sai eles aplaudiram. Então no fim do espetáculo eles aplaudiram de pé. Foi o melhor momento da minha vida até então. Foi incrível, e eu estava mais feliz do que jamais estivera.

Você trabalha com um elenco bastante jovem neste filme. Eles o respeitavam muito?
Bom, eu na verdade não trabalhei muito com eles neste, infelizmente, mas todos os atores com quem trabalhei foram tão bons e assustadoramente respeitosos. Talvez seja só porque sou velho e entusiasmado.

Como o público em geral reage quando o encontra?
Com inacreditável educação, exceto periodicamente com a internet e as fotografias. Você tem que ser muito cuidadoso porque as pessoas se esforçam para que você pareça seu melhor amigo, então você tenta evitar isso. Se eu vejo pessoas tirando fotos com seus celulares, eu tento me virar para outra direção, mas tirando isso, as pessoas que se aproximam e cumprimentam são maravilhosas e aprecio muito na verdade porque, sabe, elas são muito legais.

Você tem algum momento do qual se orgulha?
Um deles foi certamente carregar a bandeira canadense nas Olimpíadas de Inverno de Vancouver de 2010. Enquanto eu estava caminhando, a única coisa que passou pela minha cabeça foi “meu Deus, queria que minha mãe pudesse me ver agora.” Ela morreu há 27 anos. Pode imaginar? Ainda sou muito canadense.


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