Na última sexta-feira, o site do famoso jornal norte-americano New York Times postou uma extensa entrevista com a atriz Jennifer Lawrence em que ela fala sobre sua carreira, Silver Linings Playbook, sua vida, entre outros assuntos.
A entrevista é pontuada de curiosidades dadas pela própria atriz com seu humor negro, como ao confessar que chamou a premiere de Jogos Vorazes em Nova Iorque de o “dia do peito” por causa de seu vestido decotado.
Sobre as adaptações Em Chamas e A Esperança dirigidas por Francis Lawrence, a atriz diz que o estilo do diretor mais fantástico que o de Gary Ross (de Jogos Vorazes).
Confira abaixo a entrevista traduzida pela equipe do Distrito 13:
Atirando insolências tão fácil quanto uma flecha
Jennifer Lawrence em ‘Silver Linings Playbook’
SE um agente de publicidade de Hollywood fosse fazer uma lista de tabus de conversas para uma jovem estrela, poderia incluir o seguinte: fraquezas pessoais, dinheiro, sexo grupal e morte. Todos esses foram assuntos sobre os quais a atriz Jennifer Lawrence falou logo no café-da-manhã recentemente. Foi como um pouco de Louis C.K. com uma moldura muito mais bonita.
“O tempo todo nós falávamos de orgia, orgia, quem vai ver a orgia, o que vamos fazer se acontecer uma orgia, precisamos nos separar para garantir que algum de nós veja a orgia,” ela disse sobre um passeio em família para ver “Sleep No More”, a versão interativa, frequentemente indecente de “Macbeth” em Chelsea. (Eles não viram nenhuma orgia, o que Lawrence achou uma pena.)
Srta. Lawrence, 22, também tem pensado sobre seu próprio fim. Seus advogados estão fazendo-a rascunhar um testamento porque, ela explicou, “Sou rica agora.” Não que você pudesse saber; logo a seguir ela se chamou de caipira e descreveu uma ida ao Walmart para comprar filmes do Rob Schneider. “Eu gosto de fazer filmes, mas isso não quer dizer que eu queira assistir um em preto e branco, chatíssimo” – aqui ela aumentou o sarcasmo com uma palavra que não se pode escrever – “filme mudo,” ela disse.
Suas personagens na tela frequentemente marcadas por sua resolução firme, não sua volubilidade, mas pessoalmente Srta. Lawrence é exatamente o oposto, insolências sem filtros que por acaso tem o visual de uma rainha do baile de formatura da Califórnia em 1970 e que fala como um skatista do sul do estado. Em apenas dois anos ela deu um salto incomum, de atriz independente para heroína de ação, agilmente repetindo o ciclo enquanto mantém seu charme de garota real.
Marcada como indicada ao Oscar pela interpretação de uma adolescente estóica dos Ozarks em “Inverno da Alma” (2010) e uma estrela de bilheteria com “Jogos Vorazes” esse ano, ela aparecerá a seguir em seu papel mais indiscreto até o momento, em “Silver Linings Playbook” de David O. Russell.
O filme, que estréia sexta, é estrelado por Bradley Cooper como um professor de ensino médio da Filadélfia que sofre um colapso depois de descobrir o caso de sua esposa. Srta. Lawrence é a instável e maluca viúva que ele conhece depois de sair da instituição mental. Acrescente Robert De Niro e Jacki Weaver (“Reino Animal”) como seus pais obcecados pelo Philadelphia Eagles e Chris Tucker como seu amigo impaciente, e a história fica com cara de comédia boba. Mas Sr. Russell, que adaptou o roteiro do romance de 2008 de Matthew Quick, acrescenta esperteza e ternura, sendo logo elogiado por mostrar romance, doença psiquiátrica e disfunção familiar com humor e risco.
O filme ganhou o prêmio do público no Festival Internacional de Cinema de Toronto, um precursor do sucesso na temporada de prêmios. (Os gigantes do Oscar “Quem Quer Ser um Milionário?” e “O Discurso do Rei” também receberam essa saudação.) Filmado antes de ela se tornar conhecida por interpretar Katniss Everdeen, a campeã do tiro com flecha de “Jogos Vorazes” (mas depois de ter trabalhado nesse filme), “Silver Linings Playbook” mais uma vez traz conversas sobre a estatueta para a Srta. Lawrence.
Sr. Russell, em alta depois de seu sucesso com o filme de boxe ganhador do Oscar “O Vencedor”, pode escolher a atriz principal, apesar de eles terem que passar por Harvey Weinstein, produtor do filme. (A Companhia Weinstein comprou os direitos do filme antes de ser publicado e tinha agendado a produção para Sydney Pollack e Anthony Minghella, passando a ideia para Sr. Russell depois de suas mortes; ele o adaptou antes mesmo de “O Vencedor”.) Inicialmente preocupado que Srta. Lawrence fosse muito nova para interpretar o interesse romântico – Sr. Cooper tem 37 anos – Sr. Russell disse que foi conquistado por sua audição, feita em parte pelo Skype. “Há uma expressividade em seus olhos e em seu rosto, pela qual muitas estrelas tem que trabalhar, isso não tem idade,” ele disse. Entretanto, a personagem Tiffany passou por algumas transformações. Inicialmente, ela deveria ser gótica, então Srta. Lawrence pintou seu cabelo de preto. “Filmamos testes de câmera com ela usando uma maquiagem gótica pesada e aqueles vestidos pretos xadrez que elas usam, e Harvey simplesmente surtou,” Sr. Russell disse que Srta. Lawrence manteve o cabelo preto e alguns outros toques. “O jeito como ela se porta, a cruz gótica – todas essas coisas permearam em sua personagem, que provavelmente é a garota mais problemática do quarteirão, mas também a mais confiante,” disse Sr. Russell.
“Jennifer,” ele acrescentou, “é uma das pessoas menos neuróticas que eu conheço,” e aquela confiança, junto com vislumbres de vulnerabilidade, é uma característica que ela compartilha com sua personagem. “Ela sempre dá sua opinião. Ela não tem medo de falar com ninguém sobre nada, e ainda assim ela consegue se virar e ter a mente de ‘deixa pra lá’ de alguém de 18 anos. Essa é a versão deles de ser vulnerável.”
Em um raro fim de semana de folga das filmagens da segunda parte de “Jogos Vorazes” em Atlanta, Srta. Lawrence estava escondida em um quarto de hotel no SoHo com uma vista cara de Lower Manhattan. De jeans preto e blusa branca, ela se sentou de pernas cruzadas ou se esparramou em um banco aos pés da cama, ainda bagunçada, comendo café-da-manhã e falando abertamente sobre sua vida, com muitas pitadas de humor negro. Afiando seu compreensível sarcasmo, “isso é, tipo, a primeira coisa que eu tenho que trabalhar,” ela disse.
Ela creditou Sr. Russell pela ajuda em encontrar-se na persona flutuante de Tiffany. “David está dentro de cada um desses personagens,” ela disse. Ele até a persuadiu a falar mais grave – um feito, porque ela não gosta de sua voz naturalmente grave. “Eu acho que pareço um eremita falando,” ela disse, “um eremita fumante de voz grave.”
Srta. Lawrence não tem receio de discutir seu físico de 1,75m. “Silver Linings Playbook” envolve um numero de dança bem coreografado, o que a deixou nervosa. “Quando eu danço, pareço um pai em um baile,” ela disse. “Eu nunca entendi meus membros. Desde a puberdade eu meio que sinto que nós não nos entendemos.” Depois de filmar o primeiro “Jogos Vorazes”, Sr. Russell pediu que ela ganhasse peso para o papel. “Eu pensei, ‘Claro que sim!’” ela disse. “Isso nunca acontece em um filme.” Mas Tiffany passa boa parte de seu tempo com roupas de malhação, com muitos closes de seu físico. “Por um instante eu achei que fosse coisa do câmera,” ela disse. “E aí eu percebi: claro, David.” (“Uma das coisas que eu adoro nela é sua feminilidade, tanto em sua personalidade quanto na forma,” disse Sr. Russell.)
Aí houve o que ela chamou de “o dia do peito”, em março, quando ela foi para uma sessão de autógrafos de livros de “Jogos Vorazes” na Barnes & Noble da Union Square usando um vestido esmeralda bem, bem decotado. “Aquele vestido ficava tão bem,” ela disse. “E aí quando eu estava sentada na mesa e a única coisa que se via eram crianças gritando e só” os peitos “uns 15cm acima da mesa.”
Sua vida mudou profunda e repentinamente com “Jogos Vorazes”, a adaptação do primeiro livro da trilogia de sucesso de Suzanne Collins para jovens adultos, sobre uma sociedade distópica onde crianças são sacrificadas em colheitas anuais. Fãs e críticos debateram se Srta. Lawrence era certa para o papel, criticando na internet seu físico e o relativo status de novata. Mas o filme, dirigido por Gary Ross, arrecadou mais de 400 milhões de dólares e fez da Srta. Lawrence uma das heroínas de ação mais lucrativas de todos os tempos. Também fez dela, da noite pro dia, alvo dos paparazzi. “Fica opressivo, eu chego a chorar no carro, mas não a ponto de não querer fazer o que eu faço,” ela disse.
Estão previstos mais três filmes de “Jogos Vorazes”: “Em Chamas” e “A Esperança” partes 1 e 2, todos a ser dirigidos por Francis Lawrence (“Eu Sou A Lenda”). Seu estilo, disse Srta. Lawrence, é mais fantástico que o do Sr. Ross, mas ambos se mantém fiéis aos livros, obrigatório, tendo uma base de fãs tão devotada. “Também é algo de que tenho orgulho,” ela disse. “Tipo, eu não fico irritada quando o cara no bar diz, ‘Que a sorte esteja sempre a seu favor.’”
Ela cresceu sendo a caçula da família, trabalhando no haras e acampamento infantil de seus pais no subúrbio de Louisville, Kentucky. Ainda próxima de seus dois irmãos como um moleque – eles lutam – ela é igualmente boba no set. Ela mostrou uma mordida em sua mão que ela disse vir de sua co-estrela de “Em Chamas”, Woody Harrelson, em um jogo de dedo-bigode que ela inventou e chamou de Sanchez. “Na realidade, ele não me mordeu; eu fui de encontro aos dentes dele,” ela explicou, como se isso melhorasse as coisas. Preparando-se para um momento emocionalmente pesado envolvendo crianças mortas, “Eu coloquei um elástico no nariz para ficar parecendo um porco, saí e fiz a cena,” ela disse.
Aproximando-se da fase adulta, Srta. Lawrence agora vive em um condomínio em Los Angeles e tem um relacionamento em grande parte a longa distância com seu namorado de dois anos, o ator britânico Nicholas Hoult, sua co-estrela em “X-Men: Primeira Classe”. (Ela em breve reprisará seu papel como a azul Mística.) Mas com ou sem o dinheiro do blockbuster, ela ainda paga prestações de um Volkswagen. “Estou aumentando meu crédito,” ela disse orgulhosa. Seu pai, Gary, apareceu no quarto para garantir que ela estava acordada, deixando um copo extra de café. Sua mãe, Karen, serve como plataforma; foi ela que indicou para a filha a leitura de “Inverno da Alma”, “Jogos Vorazes” e “O Castelo de Vidro”, o livro de memórias de Jeannette Walls que Srta. Lawrence espera estrelar.
Ela começou a atuar quando adolescente, aparecendo como a sensível adolescente na sitcom da TBS “The Bill Engvall Show”. Mas foi seu primeiro grande papel nas telas – como Ree, a sofrida garota tentando manter sua família junta em “Inverno da Alma” de Debra Granik – que foi sua descoberta. “Na performanca atenta, precisa e quietamente heróica de Srta. Lawrence, Ree é como uma Antígona moderna, fazendo exigências éticas que são ao mesmo tempo completamente coerentes e potencialmente fatais,” A. O. Scott escreveu em sua crítica para o The New York Times.
Srta. Lawrence nunca teve um técnico ou professor de atuação. “É assim que eu consigo seguir a vida livre como uma idiota: porque não tenho ideia do que estou fazendo,” ela disse, direta. Mas Sr. Ross, que a escalou como Katniss, disse que ela precisou de pouco treinamento. “Ela não deixa as coisas mais complicadas pra ela mesma,” ele disse. “Ela não tem uma abordagem de um processo auto-indulgente. Ela é muito relaxada, tagarela, ela é quase parte da equipe de certa forma, porque ela é muito confiante no que está fazendo. Ela não tem muito por quê ficar nervosa.”
Ela foi surpreendida, entretando, por sua indicação ao Oscar de Melhor Atriz, aos 20 anos. “Foi demais, muito rápido,” ela disse, começando com as 12 horas de entrevistas que vem depois do anúncio da indicação. “Eu só queria sentir que isso tinha acontecido. Me sentia ocupada. Me sentia cansada, e cansada de falar de mim, que é muito estranho,” ela disse. “É uma sensação tão TPM, quando algo é tão bom que você fica triste por não poder absorver tudo e aproveitar.” Ela perdeu para Natalie Portman, por “Cisne Negro”.
Mas depois da cerimônia, “Eu pude aproveitar,” ela disse, “absorver tudo e assinar meu nome como ‘Indicada ao Oscar Jennifer Lawrence’ em tudo.”
E ela ganhou sua parte de memórias, como M&M’s com sua foto neles. “Isso literalmente foi provavelmente a coisa mais legal que eu vi,” ela disse. “Eu pensei: ‘Quer saber? Tudo vale a pena’ depois que eu vi aqueles M&M’s.”
Se ela for, como a maioria dos atores diplomaticamente diz, sortuda o suficiente para ser indicada outra vez, Srta. Lawrence entende melhor o processo. Dessa vez, ela disse, “Quero uma pizza com meu rosto.”
Comentários
4 respostas para “Jennifer Lawrence fala sobre carreira, “Silver Linings Playbook” e outros assuntos ao New York Times”
Não sei o que pensar quando ela diz que o estilo do FLaw é mais “Fantástico” . Jogos Vorazes foi tão real .. parecia algo possível. Será que ele vai transformar isso em uma fantasia ? #Medo
Tive exatamente o mesmo pensamento. Não sei o que ela quer dizer com isso.
Uauu! nunca teria imaginado Jennifer Lawrence com um comportamento tão extrovertido e carismático , Adoreei !
Eu juro que li srta. Everdeen em vez de srta. Lawrence. E o que ela quis diser que o estilo do Lawrence é mais “fantástico” que o do Gary? Essa Jenn…kkkkkkkkk!