Resenha mensal: Bios

Quando ouvi falar de Bios, confesso que torci um pouco o nariz. Embora tenha um acabamento incrível – sério, todo o estilo, o próprio título e a foto de capa casam com a história; é como um resumo em uma única imagem –, o livro foi escrito por uma brasileira. Não que isso seja um defeito, mas tive receio do que iria encontrar quando me vi diante de uma distopia nacional. Felizmente, o livro superou esse medo inicial. Luiza Salazar é autora de dois títulos pela Editora Underworld, e fiquei muito feliz em constatar que minhas suposições prévias acerca de Bios estavam completamente equivocadas.

Situado num futuro marcado – sim, há datas! – o livro conta a história de Liz, uma garota que acorda no meio de uma cidade em ruínas sem se lembrar de absolutamente nada, nem mesmo de como foi parar ali. Sozinha e carregando uma única mochila, ela decide arranjar um lugar provisório para descansar. E é aí que esbarra em Liam e sua irmãzinha Poppy. Liam é o tipo de cara que desconfia de todo mundo e é altamente corajoso. É muito fácil gostar dele, acho que é um dos personagens mais reais do livro todo.

A história é dividida em três partes e de início Liz vive tentando descobrir tudo a respeito de seu passado remoto. No entanto, só o que consegue são lembranças sem sentido que a deixam mais frustrada do que satisfeita. Mas isso tudo, como eu disse, é de início. Durante todo esse período, Liz vive numa comunidade na qual Liam, outros adolescentes e pessoas estão refugiados para se proteger do Instituto. O Instituto é basicamente o que torna o livro distópico. É ele quem, de alguma forma, violou os direitos humanos da sociedade. Sendo uma clínica genética, há alguns anos eles desenvolveram uma espécie de vida artificial que superava em muitos aspectos os humanos *convencionais*, que foram declarados ultrapassados. A diferença entre ambas as “raças” acabou levando a uma disputa que logo se transformou em guerra. Os humanos agora vivem refugiados em lugares longínquos, enquanto o Instituto – que é o responsável pela criação dos Bios – parece controlar a cidade onde ainda há algum tipo de resquício do tipo de vida que conhecemos.

O legal desse livro é que ele é uma combinação louca de ficção científica, distopia e até Mockingjay. Poppy, a irmã de Liam, de algum modo me lembrou a Prim, e isso me fez adorá-la de imediato. Aliás, a enorme maioria dos personagens é muito bem construída. Gostei muito da Claudia, embora muita gente a tenha odiado. Outro que eu achei incrível foi o Otto, dono das cenas hilárias.

Uma coisa boa que eu não posso deixar de comentar é que “Bios”, diferente da avalanche de livros que estão surgindo por aí, é um volume único. Isso mesmo, não tem continuação. Pelo menos não que eu saiba, porque a história tem início, meio e fim. E se tratando de um livro brasileiro, isso só o torna ainda mais inovador.

E os diálogos! Tenho um amigo que diz que um bom número de livros nacionais possuem diálogos superficiais, mas não acho que isso tenha acontecido com Bios. Pelo contrário, o livro tem um ótimo desenvolvimento nesse sentido, a Luiza (autora) sabe perfeitamente como montar conversas.

Porém, uma coisa que eu não gostei foi a revisão. Toda a arte externa, a fonte, as divisões de capítulos e partes ficou ótima. O acabamento é maravilhoso – não tem como colocar defeito. Mas o principal – o texto em si – deixou a desejar. Embora a Luiza escreva bem, a editora pecou em ao menos *dar uma olhada*. Achei que houve um descuido imenso e que muitos aspectos poderiam ter sido melhorados nesse sentido: a leitura se tornaria mais agradável se não houvesse tantos erros.

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Comentários

3 respostas para “Resenha mensal: Bios”

  1. Avatar de Nikolas
    Nikolas

    Nossa, super me convenceu, sério! Vou comprar hoje mesmo.

  2. Avatar de Júlia Farias

    Também fiquei afim de comprar.
    Beijos

  3. Avatar de morgana
    morgana

    Eu comprei, estou lendo. Mas honestamente? Não estou achando grande coisa.